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Entrevista Oficina Zen e Inteligência Emocional com Dr.Ovídio Waldemar

INFAPA: Dr. José Ovidio, Por que uma oficina sobre Zen e Inteligência Emocional?

O Zen é um caminho espiritual cujos ensinamentos precisam ser integrados na nossa vida cotidiana. Como praticante do Zen há 30 anos e professor de Inteligência Emocional e Mindfulness, fiquei motivado para partilhar minha experiência reunindo estas 2 perspectivas.


INFAPA: Mas o que é a Inteligência Emocional?

É o conjunto de habilidades cognitivas e emocionais que nos ajudam a viver de uma forma equilibrada e em harmonia com a natureza. Segundo Goleman, a Inteligência Emocional tem quatro dimensões.


INFAPA: Quais são estas dimensões?

A primeira é o Autoconhecimento. Durante a meditação, na medida que vamos ganhando prática, aprendemos a aquietar o que chamamos de “falatório” mental. Começamos então a perceber melhor nosso funcionamento cognitivo e emocional e em consequência podemos nos alinhar com nossas intenções e valores mais profundos. Assim evitamos criar sofrimento desnecessário, para nós e para os outros, que é um dos pontos principais dos ensinamentos de Buda. A Iluminação não é simplesmente ver as coisas como elas são, e sim o caminho para a Sabedoria e a Compaixão. Na oficina vamos praticar vários exercícios de desenvolvimento da compaixão, que é um tema atualmente muito presente na área da saúde mental. Ampliando o enfoque, do ponto de vista evolutivo, estamos indo além da nossa herança animal e tentando construir uma mente verdadeiramente Humana, centrada na superação da consciência de nossa separação da natureza.


INFAPA: E a segunda dimensão?

É a Auto Regulação. Somos seres contraditórios, somos capazes do melhor e do pior. A prática meditativa nos ajuda a administrar as emoções, a sermos menos reativos e agindo com coerência podemos abraçar a ética budista exposta nas Quatro Nobres Verdades e as Seis Virtudes. Li que metade dos assassinos se arrepende de ter perdido o controle. O Budismo fala dos 3 venenos, o apego, a raiva e a ignorância e David Loy aponta para a institucionalização dos 3 venenos na sociedade atual. O consumismo reforça o apego, os discursos de ódio e o militarismo reforçam a raiva e as fake news espalham a ignorância. Mais do que nunca precisamos de lucidez para guiar nosso comportamento e evitar o sequestro da amígdala pelas emoções primitivas. Freud já dizia que onde houver Id deve haver Ego. Na oficina faremos vários exercícios de regulação emocional através da presença corporal. O ser humano tem necessidades auto afirmativas e relacionais. Saber ser flexível é uma ferramenta básica tanto para o indivíduo, quanto para o relacionamento familiar, e não é nada simples encontrar um equilíbrio. Extrapolando para nossos sistemas mais amplos, os conflitos entre a Globalização solidária e os Nacionalismos egoístas estão determinando o nosso marco civilizatório atual.


INFAPA: E a terceira dimensão é a do Relacionamento Social e da Empatia?

Sim, no Budismo temos os 3 tesouros, o primeiro é o exemplo de Buda, o segundo é o Darma, os conhecimentos; e o terceiro é a Sanga, a comunidade de praticantes. Esta ênfase na comunidade, no coletivo é hoje fundamental. Participo dos Zenpeacemakers, uma das variantes do Budismo engajado, que ao mesmo tempo que valoriza a prática meditativa, não abre mão da luta por mais justiça e igualdade social, diferenciando-se de um Budismo mais contemplativo, voltado principalmente para um crescimento espiritual interior. Os Zenpeacemakers trabalham com os grupos mais marginalizados da sociedade, moradores de rua, imigrantes e prisioneiros. No Brasil escolhi as escolas públicas como local para intervenções. Na oficina vamos praticar o método da comunicação não violenta e os princípios do Council, que na nossa abordagem chamamos de Diálogo Colaborativo.


INFAPA: E qual a quarta dimensão?

É a da tomada de decisões com responsabilidade. Estamos enfrentando vários desafios e principalmente uma crise climática de proporções catastróficas. Nosso futuro, o futuro da Humanidade, depende de nossa capacidade de assumir mais protagonismo em todas as esferas possíveis. Na oficina teremos oportunidade de debater o que David Loy chamou de nossa tarefa mais urgente, a transformação da figura do Bodistava para a do EcoSatva, que tem a missão de buscar as saídas para a nossa crise atual.



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